sábado, 7 de março de 2015

Wolf Hall

O título em si já é brilhante.

Sou superficialmente familiarizada com a parte da história da Inglaterra, durante a qual o Rei Henry VIII, não conseguindo que o papa anulasse seu casamento com Catarina de Aragão para que pudesse se casar com Anne Boleyn, aos poucos vai separando a igreja da Inglaterra de Roma até assumir a chefia e romper definitivamente com o Papa, conseguir a anulação que tanto queria e se casar com Anne Boleyn para, ao final, ter uma filha no lugar do filho tão desejado. Quando não tem o filho que queria, degola Anne Boleyn com o fundamento de alta traição e se casa com Jane Seymour. Mas confesso que nunca tinha ouvido falar em Wolf Hall e nem sabia do que se tratava. Quando o termo aparece, lá por um terço do livro, pensei: idéia de gênio dar exatamente esse título ao livro. 

O livro é muito bem escrito mas demorei muito para chegar a essa conclusão. Comecei a ler e parei na página 50. Não consegui entrar no ritmo da história e muitas vezes não tinha idéia de quem estava dizendo o que. Tentei de novo uns dois meses depois e consegui ler até a página 150. Continuei sem entrar no ritmo da história e sem saber quem dizia o que. Depois de uma viagem para a Inglaterra e ter visitado Stratford Upon-Avon, o Globe Theater em Londres e ler alguns livros sobre a época Elizabetana, resolvi dar mais uma tentativa. Reli boa parte do que tinha lido antes e aí sim, consegui entrar no ritmo e compreender o que se passava.

O livro conta todo o processo de separação da Igreja Anglicana da Igreja Católica em Roma e o casamento de Henry VIII com Anne Boleyn através dos olhos do seu braço direito, Thomas Cromwell. A autora consegue que, ao mesmo tempo, consigamos ver a história do ponto de vista de Thomas Cromwell e se solidarizar com ele, ainda que ele traia, ameace e mande matar como, também, de um ponto de vista de uma testemunha imparcial, que vê o que se passa mas sem julgar. Interessante como isso é possível: ao mesmo tempo em que compreendemos porque Thomas Cromwell age como age e nos solidarizemos com ele, conseguimos (pelo menos eu consegui) não julgá-lo. Acho que isso acontece porque Hilary Mantel é uma escritora excepcional e merece cada prêmio que recebeu. Agora espero ansiosamente pela continuação - Bring Up the Bodies, que deve chegar any minute now.

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