sábado, 7 de março de 2015

Grosseria

Vi em algum lugar que os franceses foram eleitos as pessoas mais grosseiras para com os turistas. Os italianos também não foram enquadrados entre os mais educados.


Concordo. Em parte.


A experiência com os locais é sempre muito pessoal e conheço gente que foi muitíssimo bem tratada em Paris, achou os parisienses simpatíssimos. Conheço outras que não gostam dos parisienses, acham que são grosseiros mas amam os franceses do interior do país. Eu já recebi tratamento grosseiro de pessoas em Paris ou fora da capital. O suficiente para não ter vontade de voltar lá. Ainda mais porque Paris não está nem entre as minhas dez cidades favoritas.


Italianos também não serviriam para dar aula de etiqueta. Acho que já contei aqui que uma vez, perguntando se podia dividir a pizza, que era enorme, o garçom respondeu que aquilo era um restaurante, não um bar. Em uma joalheria na Ponte Vecchio, em Florença, estava olhando um pingente e a vendedora me disse, em italiano, que era a cruz da fertilitat. Minha mãe, que estava comigo, perguntou que cruz era aquela e eu respondi, em português, que ela tinha dito que era a cruz da fertilidade. A vendedora ouviu o que eu disse, e com o tom de voz alterado, disse que era cruz da fertilitat e não da felicitat. Eu que também não sou a pessoa mais boazinha do mundo respondi que estava conversando na minha língua, e não na dela. Ela se acalmou rapidinho.


Nunca deixaria de ir em um lugar só porque me disseram que os locais são grosseiros. Mas se eu já conheço o lugar, dificilmente volto. Podem até argumentar que eu iria pelo lugar não pelas pessoas. Só que não vejo assim não. Acho que os lugares são o que são por causa das pessoas que os construíram. Com exceção dos lugares que existem independentemente da ação humana. Mas não é o caso das cidades. O povo faz a diferença sim. Muito melhor ser recebida por um sorriso do que por um bico ou um arzinho de arrogância. E uma cortada não merecida pode, sim, estragar o dia de cada um e colocar um véu escuro até no monumento mais lindo.


Nova Zelândia é linda de tirar o fôlego. Jamais voltaria se os neozelandeses fossem tipo os franceses. Mas graças a Deus não são. São uma gracinha. Lembro do motorista que nos buscou no aeroporto em Wellington. Ele achou que falássemos espanhol (a maioria das pessoas acha, porque para elas soa muito parecido e espanhol é muito mais comum) e nos recebeu com um buenos dias. Quando demos risada e explicamos que falávamos português, ele não disse nada. Quando foi nos levar do hotel para o aeroporto, já tinha aprendido, inclusive, a dançar um sambinha. Estava esperando a gente do lado do carro e tentando uns passinhos. E depois falou um muito obrigado bem carregado, no lugar do muchas gracias do espanhol.


Canadenses também são uns fofos. Americanos também, apesar da fama mundial. Devem sofrer muito só por terem nascido lá. Certa vez fui trocar um traveler check em Viena (na época a gente usava muito traveller checks) e o atendente da casa de câmbio foi muito grosseiro. Aí chegou a hora de mostrar o passaporte e quando ele viu o meu, todo verdinho (na época passaporte brasileiro era verde, acho que anda tem gente que tem esse ainda) e abriu um sorriso: ahhhhhhh you are brazilian!!!!! Perguntei de onde ela achava que eu fosse e ele respondeu dos Estados Unidos. Entendi.


Já tive que lidar com gente grosseira em Lichtenstein, Argentina (uma vez só, nas outras sempre achei-os muito simpáticos), Monaco, Australia, Chile e claro, França e Itália. Mas no fundo acho que é um pouco de sorte, porque gente chata e sem educação existe em qualquer lugar. Gente simpática também.

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