sábado, 7 de março de 2015

As Roupas Nossas de Cada Dia

Existem algumas coisas que damos como certas, pensando que serem foram assim, mas não é verdade. Para citar um exemplo só: roupas.

Se eu quiser comprar um tailleur, posso ir a uma loja de designers como a Chanel, onde essa peça custa por volta de R$10.000,00 ou à Zara, onde custa por volta de R$400,00, o resultado, apesar da diferença de preço, não será tão diferente. Claro, para os entendidos, um tailleur chanel é um tailleur chanel e saberão a diferença sem maiores investigações. Mas para grande maioria dos mal informados em coisas de grife, a diferença nem será percebida. Mesma coisa para um sapato. Um sapato com fundo vermelho do Louboutin (R$100.000) ou da Carmem Stephens (R$400,00) só serão diferenciados por entendidos. Poderia continuar indefinidamente mas a idéia é essa: a mesma peça de vestuário, seja ela roupas, sapatos, chapéus, acessórios, pode ser encontrada tanto em lojas caras como em magazines bem populares, ficando, a diferença, apenas no corte, tecido e acabamento. O modelo é basicamente o mesmo. Isso significa que qualquer pessoa pode comprar o que e onde quiser, se tiver dinheiro suficiente, claro, e usar como bem entender.

Mas não foi sempre assim.

Até não muito tempo atrás, roupa era uma espécie de crachá da classe social à qual a pessoa pertencia. Quem era camponês na Inglaterra governada pela Rainha Elizabeth I, por exemplo, não podia usar roxoo nem seda nem peles de animais. Reis podia usar o que bem entendessem. Entre essas duas extremidades da escala social, cada classe podia usar determinados tecidos, cores e tipos de acessórios, inclusive pedras preciosas. Transgredir as leis (sim, existiam leis disciplinando o vestuário), pagavam multas altíssimas e podia ser presos se reincidentes.  E não adiantava ter dinheiro. Um camponês que ficasse rico continuaria sendo um camponês e não poderia usar peles, seda, determinadas cores e determinadas pedras preciosas.

A mesma coisa servia para a idade. Crianças deviam usar certas roupas até a adolescência. Aí, passavam a usar roupas de adultos solterios. Casando-se, a obrigação era alterar o vestuário mais uma vez e, para as mulheres, a maneira de pentearem e prenderem o cabelo. Em alguns lugares, apenas mulheres solteiras poderia usar os cabelos soltos.

E hoje, posso comprar o que eu quiser, onde eu quiser e usar como bem entender sem regras de classe social, idade ou estado civil. E para que eu tenha essa liberdade, muita gente gritou, brigou, apanhou, morreu. E muitos nem chegaram a desfrutar dessa liberdade tão boa. Costumamos ter como certas essas coisas que parecem pequenas mas significam algo muito grande, esquecendo dos visionários que batalharam para que tivéssemos essa possibilidade.

Thank you!!!!!!!

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