sábado, 7 de março de 2015

A Experiência Mais ou Menos Bem Sucedida de J. K. Rowling

Agora que o mundo já sabe que quem escreveu The Cuckoo's Calling não foi um senhor chamado Robert Galbraith mas sim a própria J. K. Rowling, fica mais interessante falar sobre o livro.

Quando publicado, The Cuckoo's Calling vendeu poucos exemplares mas foi muito elogiado pelos críticos. E considerado um ótimo livro policial, principalmente para um livro de estréia, como foi o caso, considerando seu autor como sendo Robert Galbraith. Mas a experiência durou pouco. Um dos advogados do escritório contratado por J. K. Rowling contou a uma amiga quem realmente era Robert Galbraith. Ela não conseguiu guardar a informação e postou no twitter. E era uma vez um disfarce.

Li um desabafo de um autor, no qual expõe suas dúvidas de que muito mais gente provavelmente sabia de quem era Robert Galbraith do que foi confessado para a mídia: de acordo com a versão oficial, apenas a autora, seus advogados e uma só pessoa na editora que publicou o livro sabiam que J. K Rowling estava por detrás de The Cuckoo's Calling. Li um desabafo de um escritor que foi rejeitado por doze anos por um dos executivos da editora que publicou The Cuckoo's Calling na Inglaterra (http://blogs.spectator.co.uk/books/2013/07/j-k-rowlings-robert-galbraith-trick-reveals-nothing-of-how-publishing-really-treats-unknown-novelists/) em que insinua ter dúvidas se realmente não foi uma jogada de marketing. Ele próprio confessa que nunca saberemos. 

Mas o que me chama a atenção é que J. K Rowling é tão famosa e poderosa (George R. R. Martin afirmou que não conseguiu, sobre a adaptação de sua série A Song of Ice and Fire para a TV o mesmo controle que ela teve sobre a adaptação de Harry Potter para o cinema porque, como ele disse, ele não é  J. K Rowling e apenas J. K Rowling consegue esse tipo de controle), que pode se dar ao luxo de escrever com um outro nome, uma história em um estilo diferente e para um público também diferente. E tudo para saber como seria, qual a recepção e, porque não, para se divertir. 

Só que a experiência foi mais ou menos bem sucedida. Mal porque ela foi descoberta e teve que dizer bye bye a Robert Galbraith mas não (espero!) a Cormoran Strike, o policial militar que se torna detetive particular. Bem porque, ao ser descoberta, o livro começou a vender, vender, vender, adicionando mais algumas milhares de libras a sua conta bancária (não que ela precise, claro).

O livro, por outro lado, é ótimo. Tem um ritmo perfeito para a história policial, as personagens vão sendo mostradas aos poucos, tanto com relação a quem são como ao seu passado, as pistas não são escondidas do leitor, como alguns escritores fazem (odeio os livros de Sherlock Holmes porque as pistas que levam a descobrir o assassino nunca são mostradas ao leitor) e é tudo muito bem montado, sem deixar falhas. Já ouvi dizerem que não gostaram, que o final foi bobo. Não achei. Achei o final perfeito. As descrições não atrapalham. Conseguem criar a atmosfera para cada situação. 

Espero sinceramente que esse seja o primeiro de vários livros com Cormoran Strike. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário