Conheço pessoas que viajam apenas para fazer compras. Alguns compraram enxovais inteiros (casamento e bebês) em Miami: aproveitam as milhas aéreas, não gastam nada com passagem, os hotéis são baratinhos e o que economizam em roupas de qualidade sem os impostos extorsivos daqui compensa tudo.
Eu particularmente adoro compras em viagem apesar de não fazer viagens de compras. Adoro olhar as lojas, os designs, aquelas roupas de inverno que eu nunca vou usar aqui e de ir comprando uma coisinha aqui, uma coisinha ali. E que mesmo que ninguém mais sabia, eu sei a história por traz de cada uma delas: onde eu estava, como estava o tempo, com quem eu estava. É como ter trazido um pedacinho do lugar que eu visitei comigo para casa. E não acontece só com lembranças típicas dali. Acontece com qualquer coisa que eu compro no lugar onde estou passeando e que de alguma forma faz uma ligação entre nós dois: eu e o lugar.
Viagens de compras são antigas. Aliás, compras são o principal motivo das viagens passarem a existir. A rota da seda ligando a Europa à China foi aberta porque europeus queriam comprar seda. As Américas só foram descobertas porque europeus queriam uma outra rota para ir para a Ásia. Fazer o que? Compras. Comprar especiarias. Viagens por prazer eram mais raras, principalmente porque viajar era perigoso, as estradas eram um reduto de ladrões e as pessoas eram ainda mais bairristas e xenófobas do que são hoje e não gostavam muito de nada que fosse diferente delas, principalmente e inclusive quem morava em uma terra (para elas) estranha.
Por isso quem viaja para fazer compras não faz nada mais nada menos do que faziam as pessoas que há muitos e muitos anos iniciaram o hábito de viajar. E é graças a esses nossos viajantes consumistas que nós podemos viajar hoje em dia só por prazer.
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