sexta-feira, 13 de março de 2015

Ayn Rand e Freud

Assisti ontem a uma entrevista que Ayn Rand deu para Phil Donahue em 1979 (http://www.youtube.com/watch?v=vpPwJq9ybcE) na qual ela dá detalhes de usa filosofia de vida e econômica, defendendo o livro mercado, a nocividade do altruísmo como filosofia moral e o Estado Mínimo.

De acordo com ela, o Estado deve se ocupar exclusivamente da defesa interna e externa além de um Poder Judiciário para resolver conflitos de forma pacífica. Todo o resto deve ser deixado à iniciativa privada pois, em seu entendimento, em uma economia livre não há monopólios pois monopólios só existem quando há privilégios governamentais para uma determinada empresa ou grupo. Ainda de acordo com sua filosofia, o homem é um ser racional e cujas emoções tem uma base também racional e devem ser checadas de acordo com as premissas e razões subjacentes. 

Li seu livro mais famoso (Atlas Shrugged) quando tinha 23 anos e amei. Concordei com as premissas acima, expostas muito bem e de forma bem detalhada no livro. Mas ao longo dos anos fui ficando com a sensação de que faltava algo. Até começar a fazer psicanálise e a ler sobre psicanálise. E aí entendi o que estava faltando na filosofia de Miss Rand: a irracionalidade humana.

O ser humano não é um ser racional, apesar de ter a capacidade de raciocinar, capacidade essa, diga-se de passagem, pouco usada. O ser humano é regido por emoções cuja existência desconhece na maioria dos casos. Emoções que ficam escondidas em seu inconscientes mas se fazem notar por meio de doenças, neuroses, complexos, manias e problemas de relacionamento. Não adianta tentar racionalizar o que não tem uma razão lógica. E mesmo que fosse possível, as emoções são cegas, surdas e mudas com os argumentos racionais. Experimentar mostrar para uma pessoa que está muito triste que não há razões para ela se sentir tristes, expondo argumentos lógicos e racionais não só não diminuirá a triste mas, muito provavelmente, a deixará com um enorme sentimento de culpa por estar sentindo uma tristeza sem motivos racionais.

E essa foi a grande sacada de Freud: somos governados por emoções que não sabemos que temos e sobre as quais não temos o menor controle. Deal with it.

Sinto que Miss Rand não tenha lido Freud ou, se o leu, não o incorporou em sua filosofia. Imagino o que ela teria tido se o tivesse lido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário