Quando era adolescente, li quase tudo que Shakespeare escreveu. Gostei muito das histórias, apesar da linguagem difícil e do formato (teatro) cansativo. Afinal, Shakespeare não é para ser lido: é para ser visto, no teatro, de preferência com alguma montagem bem criativa, que mesmo mantendo toda a sabedoria do texto original, consegue imprimir algo novo.
Anos depois, vi algumas comédias com Cacá Rosset. Sensacionais. Em uma delas, enquanto a gente se rebolava de rir na platéia, ele vira para minha irmã adolescente, na época dotada de uma timidez quase paralisante, e pergunta do que ela estava rindo. Quando ela não só não consegue parar de rir mas passa a rir ainda mais, ele olha com cara de bravo e diz que é por causa de pessoas como ela que ele resolveu parar de fazer teatro, pessoas que não levam a sério o trabalho dele. E depois, o burro que estava no palco faz xixi bem na direção dela.
Os anos se passaram e assisti a mais duas montagens em épocas mais recentes: Hamlet e Othelo. Hamlet foi com um ator global que levou para o personagem todos os trejeitos do seu personagem na novela das 8 que tinha estrelado. Fiquei com a impressão de que Hamlet estava possuído por uma pomba gira. Saí do cinema com a sensação de ter perdido duas horas da minha vida que não iriam voltar nunca mais.
Meses depois vi Othelo com Diogo Vilella. Sem comentários. Vendo Diogo só em comédias, não sabia o quanto era um ator maravilhoso. Hipnotizava a platéia apenas com o olhar.
E agora vi Macbeth com Marcelo Antony e Claudio Fontana. Sempre achei Marcelo Antony um dos homens mais bonitos do mundo. Ao vivo é ainda mais lindo. Não sabia o quanto era bom ator. Consegue passar todo o dilema e dúvida do personagem, sem exageros, trejeitos ou tiques.
Claudio Fontana foi um show à parte. Nunca fui muito de novelas. Nada contra. Só não tenho paciência de esperar meses para ver o desfecho de uma(s) história(s). Minha irmã (a mesma que quase provocou a aposentadoria precoce de Cacá Rosset) gosta muito. E me disse que Claudio Fontana sempre foi um sucesso nas novelas. Entre as meninas, claro. Como lady Macbeth ele arrasa. Literalmente na ponta dos pés, incorpora toda a sutileza e maldade da personagem.
E no final, The End. The Doors. Um final de domingo perfeito para um feriado também perfeito.
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