Depois de anos convivendo com livros de papel e apenas alguns poucos com o livro eletrônico, acho impossível escolher entre um e outro. Mas se me visse em uma situação na qual a escolha fosse obrigatória, ficaria com o livro de papel. A princípio, achei que o motivo de preferir o livro de papel seria estar envelhecendo e ficando mais tradicional, preferindo coisas antigas a coisas novas. Mas no fundo sei que o motivo não é esse. Meu entusiasmo com o livro eletrônico quando comprei meu primeiro kindle e a alegria quando comprei meus primeiros iphone e ipad dizem o contrário.
Livros eletrônicos chegaram na minha vida em fevereiro de 2011, quando comprei meu primeiro kindle (o ebook da Amazon.com), cinza e de teclado. Não era 3G nem tinha a tela do paperwhite, que permite ler no escuro sem luz externa. Fiquei encantada logo de cara. É pequeno, leve, não casa os olhos por causa da tinta eletrônica que usam e, o melhor de tudo, tem espaço para muitos, muitos livros. Esse espaço enorme faz com que seja o companheiro de viagens ideal. Até comprar o kindle e quando viajava sozinha, sempre levava muitos livros, que ia lendo e deixando pelo caminho. Em uma viagem que fiz para o Canadá há alguns anos, levei nada menos que doze livros. Não li nem um terço, claro. Só que quando se leva livros de papel em viagens, é preciso escolhe-los antes e, muitas vezes, no meio da viagem, dá vontade de ler uma coisa completamente diferente. E dependendo de para onde se via, não há sequer livrarias.
Meu kindle resolveu tudo isso. Não preciso escolher nada antes da viagem porque posso ir comprando à medida em que a vontade de ler determinado livro for aparecendo. Ou não ler livro nenhum e não sentir culpa por ter carregado livros pesados. Afinal, o kindle é bem leve.
Mas depois de um bom tempo lendo livros no kindle, comecei a sentir saudades e, até mesmo, necessidade do livro de papel.
Como falei no início do texto, achei que fosse consequência de estar envelhecendo e querendo coisas mais antigas em detrimento das novas e mais tecnológicas. Mas não é isso não. O motivo é outro.
A idéia por detrás do livro eletrônico ser considerado o substituto ideal do livro de papel é a de que se trata de uma experiência exclusivamente intelectual: se o que realmente interessa é o que está escrito, então não importa por qual forma tenho acesso ao texto, se através do livro de papel ou eletrônico. Mas a leitura de um livro vai além da experiência meramente intelectual. É uma experiência que envolve, também, dois outro sentidos além da visão: o tato e o olfato. O livro de papel tem uma textura, única para cada livro, um cheiro especfício. Se é novo, o cheiro é de um jeito. Se é antigo ou de uma biblioteca, tem um outro cheiro. Às vezes tem uma história não escrita que a gente sente só de segurá-lo. E mesmo que não seja evidente, a textura e o cheiro passam a fazer parte da experiência de leitura, mesmo que o leitor não se dê conta disso.
Falando essas coisas, não quero dizer que abro mão do kindle, principalmente em viagens longas ou curtas. Ou, ainda, para ler à noite, na cama. Mas no final, ainda gosto mais do livro de papel.
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