Nunca gostei gostei muito de música lírica. A forma de canto me dá aflição, parece que estão sendo torturados, e é estranho não conseguir entender o que estão cantando. Por conta disso, nunca me aprofundei no assunto e minhas opiniões são baseadas no pouquíssimo que já ouvi.
Duas cenas em dois filmes diferentes me deixaram curiosa a respeito de ópera: a personagem de Julia Roberts em Uma Linda Mulher, na cena em que assiste a uma ópera pela primeira vez e o personagem de Tom Hanks em Filadelphia, ouvindo Maria Callas cantar La Mamma Morta, ária da ópera Andrea Chénier. Mas até então nunca tinha ouvido ou assistido uma ópera, o que só aconteceu anos depois.
Estava em Washington, nos Estados Unidos para um evento profissional e alguns colegas haviam decidido assistir a uma montagem de Nabuco, de Verdi, no Kennedy Center, e me convidaram para ir com eles. Decidi aceitar o convite. Afinal, gostava do Coro dos Escravos e se tinha que assistir a uma ópera pela primeira vez, que fosse mesmo uma de Verdi, considerado, pelos entendidos no assunto, um mestre do gênero.
A experiência foi um fracasso.
Como forma de linguagem, a qual se propõe a narrar uma história, é pífia. É tudo tão confuso e obscuro, que necessita ser explicada. Sua forma narrativa, que mistura teatro e música, não consegue dar conta do recado. Os libretos, que anteriormente eram impressos e distribuídos aos ouvintes, foram substituídos por letreiros eletrônicos. Mas a função é a mesma: narrar o que está acontecendo no palco para que os ouvintes não fiquem completamente perdidos.
A história em si é historicamente inexata, geograficamente impossível (a menos que houvessem tapetes voadores), xenófoba, maniqueísta, piegas, cheia de clichês e muito, muito boba.
Como falei no início desse post, não gosto de música lírica. Por isso não vou discorrer sobre a música. Só vou contar que entrei na sala gostando muito do Coro dos Escravos e saí com raiva da música. Afinal, gosto (inclusive e principalmente gosto musical) não se discute. No máximo, senta-se e chora.
Não lamento as quase três horas que perdi e nunca mais vão voltar porque precisava de ter passado pela experiência de assistir a uma ópera para saber que definitivamente não gosto de ópera.
Por outro lado, confesso ser difícil acreditar que alguém genuinamente goste daquilo. Mas aí lembro que há quem duvide que outra pessoa goste de rock (como eu), ou de sertanejo (como muitos) ou de rap ou de outras músicas. Então é mesmo possível que muita gente goste mesmo de ópera.
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