Assuntos relacionados à Primeira Guerra Mundial nunca me interessaram. Sabia apenas que havia sido iniciada quando o herdeiro do império austro húngaro, Franz Ferdinand e sua esposa, foram assinados em Sarajevo. E apesar da Sérvia ter atendido a todas as exigências feitas pelo Império Austro Húngaro, este invadiu aquele país assim mesmo. Apesar da falta de interesse sobre o assunto, fiquei curiosa quando li a respeito do livro de Miranda Carter, Three Emperors and the Road to World War One, publicado no Brasil com o título de Os Três Imperadores, editora Objetiva.
O livro em si é cansativo. Miranda Carter escreve muito bem mas desce a minúcias que tornam a leitura tediosa. A inserção de trechos de cartas o tempo todo quebra a narrativa e repete o que ela havia dito antes ou vai dizer depois. O número de pessoas mencionadas, na maioria das vezes com atuação secundária ou ainda menos importante, nos eventos narrados, fizeram com que, muitas vezes, eu não tivesse a menor idéia de quem se tratava. Outras pessoas que desempenharam papel relevante na história, como Lênin, são apenas mencionados, sem qualquer informação sobre o que faziam na época, como chegaram até o lugar que ocuparam.
Mas como quase nada é totalmente ruim, o livro foi um exemplo muito interessante de como a vida atropela as pessoas que se recusam a ver que mundo muda. Seja por uma megalomania que as fazem acreditar que possuem um direito divino a serem como são, a recusarem críticas e a acharem que quem manifesta opinião contrária é inimigo, como o Kaiser Willhelm da Alemanha, seja porque preferem fechar os olhos e ouvidos a tudo que não se passa dentro da própria casa, como aconteceu com o Tsar Nicolai. Quando nos recusamos a ver que o mundo mudou e a nos adaptarmos a essas mudanças, a vida nos atropela. E atropela tanto no âmbito de nossas relações pessoas quanto em nível maior, dependendo do nosso âmbito de atuação no mundo à nossa volta. O Tsar Nichalai, por anos, recusou-se a ouvir e a tentar atender os pedidos de reforma. Quando achou que o órgão que ele próprio criada, o Duma, tentava ter representação no governo e pleiteava mudanças pressionou o Tsar, já durante a guerra, ele simplesmente o aboliu.
Dos imperadores do título, o único que continuou a ser imperador após a guerra foi George V, da Inglaterra. Mas se antes da guerra o papel do rei inglês já era muito reduzido, após a guerra adquiriu a feição que tem até hoje. Como disse Miranda Carter no livro (pag. 495, da edição da Penguin: "it was George who established the British monarchy as the domestic, ceremonial, slightly stolid creation it is today". Ele foi esperto de agir assim. As monarquias européias, que na segunda metade do século XIX, ficaram na contra mão da história, tentando manter seus privilégios, fechando os ouvidos aos pleitos de quem não tinha terras ou origem nobre, sem perceber que o mundo havia mudado, foram para o reino do beleléu. E nunca mais saíram de lá.
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