Muita gente diz que gosta de conversar com os residentes de um lugar para se ter uma idéia de como é a vida ali, o que não seria possível se só visitassem lugares turísticos. Afinal, em lugares turísticos só há turistas.
Acho uma grande bobagem.
Normalmente, visitamos um lugar porque é famoso por algum motivo: beleza (Rio de Janeiro, Paris, Nova Zelândia), acontecimento histórico (Normandia), relacionamento do lugar com alguma pessoa famosa (Cemitério Père Lachese em Paris), praticar algum esporte (Austrália e Hawaii para surfistas, Nova Zelândia para esportes radicais, África para Safáris), etc. Normalmente não visitamos um lugar para saber como é a vida ali. Mesmo porque, para se saber como é a vida em um um lugar é preciso morar lá. E morar durante um bom tempo. Durante uma visita, a visão do lugar será sempre a do turista, ainda que o visitante não se considere um.
E conversar com uma pessoa dali só vai servir para descobrir detalhes superficiais da vida local, como alguns costumes, hábitos e valores. Para quem vai além desse verniz superficial vai encontrar sempre a boa e velha natureza humana. E nesse ponto concordo inteiramente com Miss Marple, uma das detetives criadas pela autora de livros policiais inglesa, Agatha Christie: a natureza humana é sempre a mesma em qualquer lugar. Miss Marple, uma senhora idosa que vivia em uma cidadezinha do interior da Inglaterra conseguia desvendar crimes em qualquer lugar do mundo (uma das histórias se passa no Caribe) comparando os envolvidos no crime com pessoas que conhecia de sua cidadezinha.
Por isso, quando viajo, não me preocupo muito em conversar com as pessoas locais. Gosto de olhar em volta, ver a natureza, a arquitetura, os museus. Eles falam muito mais daquele país do que qualquer pessoa pode me dizer
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